segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Das montanhas ao litoral

Ave amigos!

Depois de ótimos dias na pousada Paraíso(mote do último post), a mais de 1000 metros de altitude, fomos para o litoral fluminense, mais precisamente Apa Pau Brasil Travel Inn, em Búzios.

Dizem que em fevereiro entrará uma nova administração, então quem tiver interesse em se hospedar por lá é melhor esperar.

O local é maravilhoso, dentro de uma Área de Proteção Ambiental que abriga espécies ameaçadas como o Pau-brasil e o Mico-leão-dourado, e bem localizado - fica relativamente próximo a um dos últimos refúgios do ameaçadíssimo formigueiro-do-litoral e de um banhado em Búzios onde já foram registradas espécies extraordinárias como sanã-amarela, socoí-amarelo, socó-boi-baio e tricolino. Ah, e o melhor de tudo, longe da confusão que se instala na cidade na alta temporada. Possui uma pequena praia muito pouco frequentada e cercada de verde, uma delícia.

Mas o hotel em si deixou muito a desejar, espero que a nova administração valorize a natureza e aproveite o potencial do lugar.

Bem, às aves!

Ir à região dos lagos e não procurar o formigueiro-do-litoral(Formicivora littoralis) é como ir a uma churrascaria e não querer uma picanha suculenta(que me perdoem os vegetarianos).

Esta ave está criticamente ameaçada de extinção. Um super endemismo da explorada região dos lagos fluminense.

Aliás é a única espécie de ave brasileira endêmica da restinga, que é caracterizada pela proximidade do mar e pela vegetação arbustiva, com muita presença de cactos.

Encontrei-o na praia das Conchas, mas sem chance de fotos e na praia da Ilha do Japonês, onde parece ser abundante. Ouvi cerca de sete indivíduos diferentes e vi três machos e uma fêmea, sem ter que andar muito.

Já fotografar são "outros quinhentos". Não é nada fácil. Consegui fazer dois registros, as fotos não ficaram boas, este foi o melhor registro:

Formicivora littoralis


Uma dica para quem for tentar fotografar este bicho: não adianta colocar playback, o bicho fica respondendo na tranqueira e não sai. O melhor é, depois de localizá-lo através da vocalização(basta uma tocadinha para ele começar a vocalizar bastante), aguardar e contar com a sorte dele "dar as caras" entre a vegetação.

Outros lifers desta viagem:

Vite-vite

Gaivota-de-cabeça-cinza



Fiz também uma daquelas fotos que deixa a gente feliz, de um representante da minha família favorita:

Gavião-caramujeiro caçando nas Salinas do Peró, em Cabo Frio/RJ

Não tive tempo para explorar o banhado bom de bicho de Búzios, fica para uma próxima oportunidade.
Aproveito também para agradecer aos ornitólogos Guilherme Serpa, pelas dicas, e ao Fernando Pacheco(um dos autores que descreveu a espécie), pela identificação.

É isto aí amigos, as restingas remanescentes da região dos lagos devem ser preservadas a qualquer custo, não podemos deixar que o egoísmo e a ambição humana exterminem mais uma espécie do nosso planeta.

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