domingo, 18 de janeiro de 2015

O bom e velho Caraça, algumas de suas histórias

Ave!

Primeiro dia do ano consegui um milagre, tirar Waldeane de Piracity! E lá fomos nós para o Santuário do Caraça, uma RPPN próxima de Rio Piracicaba que tem muito significado para todos nós, piracicabenses. 
Antigamente funcionava um colégio, muito famoso, onde vários piracicabenses chegaram a estudar.
Além dos piracicabenses, outras várias celebridades se formaram no Caraça, dentre as mais eminentes, o presidente Afonso Penna, assim homenageado:

Gibão-de-couro também homenageou o presidente mineiro 

Voltando a falar de natureza e de mais uma celebridade, o Caraça também é famoso mundialmente pelo patrimônio biológico que guarda em seus milhares de hectares preservados.

Até o renomado botânico francês, Auguste de Saint Hilaire, fez questão de dar um "pulo" no Caraça em sua grande viagem pelo interior do Brasil, no início do século XIX, quando estava hospedado em São Miguel de Mato Dentro, hoje Rio Piracicaba, na fazenda de seu amigo, sr. Antonio Ildefonso Gomes de Freitas(nosso parente).

Recorto(o atual copio e colo) algumas passagens de sua obra "Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais" que acho muito legais:

"Querendo acostumar-me aos poucos com o calor do país, tinha projetado começar minhas viagens pela província do Rio Grande; mas o sr. Antonio Ildefonso Gomes, jovem brasileiro com quem me ligara, e que cultivava a botânica com aproveitamento, convidou-me a ir passar alguns meses em casa de seu pai na província das Minas, e acedi às sua instâncias."

Antonio Ildefonso Gomes é um parente distante nosso(pelo lado dos Freitas) que foi estudar medicina na França e por lá conheceu o famoso naturalista. Sei não mas algo me diz que além do aproveitamento na botânica ele era passarinheiro também.

"Nosso amigo, o sr. Antonio Ildefonso Gomes, veio ao nosso encontro na povoação de Catas Altas. Lá deixamos a estrada grande que leva de Vila Rica ao Distrito Diamantífero, e tomamos por caminhos transversais. Afastando-nos da cadeia ocidental percorremos uma região menos elevada que aquela por onde viajáramos na véspera, e cuja vegetação vigorosa lembra bastante a do Rio de Janeiro. De longe descobríamos habitações e alguns campos cultivados; mas, nos lugares em que as florestas tinham sido cortadas já há alguns anos, não lobrigávamos senão pteris e capim gordura."

Demais as referências a respeito da estrada real e da serra do Espinhaço, divisora natural do Cerrado e da Mata Atlântica, que aliás caracteriza a rica biodiversidade do Caraça - presença de espécies dos dois biomas.

Interessante notar que até hoje algumas cidades localizadas a leste do Espinhaço mantêm esta referência às densas matas que os primeiros exploradores encontravam ao descer a serra, como Conceição do Mato Dentro e Itambé do Mato Dentro, localizadas ao norte de Rio Piracicaba/MG.

E triste também constatar a destruição secular da Mata Atlântica, motivada para abastecer de gêneros alimentícios a movimentada Estrada Real.



Serra de Catas Altas, a serra do Caraça situa-se atrás


Serra do Espinhaço, vista de sua vertente ocidental, onde predomina o Cerrado



"Aproveitamos nossa demora em Itajurú para irmos, o sr. Langsdorff e eu, visitar uma ermida célebre, a de Nossa Senhora Mãe dos Homens, que está situada na Serra do Caraça a cerca de nove léguas da habitação do sr. Gomes."
Itajurú era o nome do local que se situava a fazenda, e que existe até hoje.


Mais antigo remanescente cultural da era de ouro de Rio Piracicaba, sobrado da querida Vó Lucinda

Saint Hilaire descreveu com entusiasmo a flora caracense, mas isto é uma outra história.

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