terça-feira, 8 de março de 2016

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AVE AMIGOS!!!

A REGUA, Reserva Ecológica de Guapiaçu, é uma RPPN localizada aos pés da Serra dos Órgãos que protege uma das últimas matas de baixada no Estado do Rio de Janeiro.




Súdito da rainha Elizabeth II, Nicholas Locke, o proprietário da REGUA, realiza um trabalho digno de aplausos de todos nós brasileiros. Com recursos próprios e de seus patrícios, ele já reflorestou vários hectares em um trabalho contínuo de aquisição de novas terras e plantio de mudas de árvores nativas, além de recuperar uma importante área alagada que hoje preserva o raro jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), entre tantas outras espécies de nossa fauna. Também apoia pesquisas fornecendo uma boa infraestrutura para cientistas. Enfim, um exemplo a ser seguido! Deixo aqui meus parabéns ao Nicholas e à sua família que também trabalha neste grande projeto.

Em 2012 conheci a REGUA, nessa ocasião conheci pessoalmente também o amigo Gabriel Mello, que, diga-se de passagem, me guiou com maestria. Pois bem, mais de 3 anos depois retornei àquele paraíso, com o grande Brunão, meu primo parceiro de passarinhadas.

Conforme combinado chegamos às 7 horas(uma dica, vale a pena chegar pelo menos uma hora mais cedo), porém o guia terceirizado que o Thomas(filho do Nicholas) havia arrumado pra gente não pode ir na última hora e ficamos sabendo quando chegamos que teríamos que nos virar sozinhos. Mas o sempre precavido Brunão levou o playback e então partimos rumo uma das trilhas da Reserva, a Trilha Verde, conforme dica do irmão do Gabriel, o grande Daniel Mello, que também guia no local. Aliás, infelizmente nenhum dos irmãos Mello estava disponível para nos guiar lá, e claro, não poderia deixar de indicá-los, pois além de conhecerem muito bem a REGUA e sua avifauna, realizam um excelente trabalho há anos na região. Trabalho que culminou no excelente e inédito guia Aves da Serra dos Órgãos e Adjacências.

Após as boas vindas do atencioso Thomas, pegamos alguns quilômetros de estrada de terra para chegar ao começo da Trilha Verde.

E logo no começo um bando misto com muitas saíras-sete-cores, além de saí-azul, tiê-galo e saíra-galega deu as boas vindas. Uma sete-cores em especial me chamou atenção pois se equilibrava em um tronco e pegava alguma coisa em suas reentrâncias. Alimento talvez?!




Seguindo pela trilha a mata ia ficando cada vez mais alta e fechada.
Deparamo-nos com formigas-correição, mas incrivelmente nem uma ave as seguia.
Um tinamídeo se e nos assustou, e em rápida correria sumiu sem que pudéssemos ao menos identificá-lo.

Continuando, escutamos algo na serrapilheira e descobrimos um vira-folha fazendo jus ao seu nome popular(desculpem a má qualidade do vídeo mas achei interessante mostrar o comportamento, o tamanho deste vídeo só me permitiu postá-lo como link):

https://www.youtube.com/watch?v=1XKYhKtVxpo

Em seguida um clássico exemplo de quão difícil é a fotografia de aves:

Ia ficar muito legal, se o modelo colaborasse

Estamos em um período conhecido como "descanso reprodutivo" das aves. É um tempo de silêncio na mata, tempo que o playback nem é tão necessário já que as aves não dão muita bola para intrusos etc. Mas como a mata é boa de bicho, eles iam aparecendo à medida que avançávamos na trilha.

Abre-asa


Tiê-do-mato-grosso

Capitão-de-saíra
Chegamos a mais de mil metros percorridos da Trilha Verde, procurávamos principalmente o patinho-gigante, espécie ameaçada, lifer pra mim. Mas não foi dessa vez e a manhã acabara, o que nos fez retornar para o almoço que aliás estava uma delícia, famosa comidinha da vovó.

Sem pausa para descanso, já que era um bate-e-volta e eu tinha um compromisso às 19 horas no Rio, partimos para o famoso mini-pantanal da REGUA.

Época ruim, horário ruim, mas mesmo assim, nosso esforço rendeu alguns registros.

Havia muitas chocas-listradas, quase fiz a foto que eu queria desta espécie, mas como aquela do arapaçu, só ficou na vontade. Usando o playback, dificilmente conseguimos uma situação tão boa quanto ao acaso:

Sou fã desta família

Agora, a ave que mais abundava mesmo no pantanal era o eloquente frango-d'água:



Havia um grande bando de anus-coroca, há muito tempo não via essa interessantíssima espécie. Mas ariscos, essa foi a melhor foto que consegui:

Não deram a mínima para o playback

A espécie que mais queríamos ver no pantanal era o excêntrico arapapá. Não foi fácil localizá-lo, o Brunão é que o encontrou do outro lado da lagoa, bem longe, quando já tínhamos até perdido as esperanças de encontrá-lo:

Raridade preservada na REGUA

Achei estranho não termos visto nenhum anatídeo, então nos "finalmentes" eis que pinta um casal de asas-brancas dando um breve show:





O Brunão adorou o lugar e já me convidou novamente pra voltar, o que não deve tardar em acontecer.

Bem pessoal, fico por aqui parabenizando novamente o Nicholas e sua família por preservar, em prol da humanidade, esta importante reserva!