domingo, 29 de janeiro de 2017

Manaus, o retorno Parte II

Atravessamos a belíssima ponte sobre o rio Negro e depois de alguns quilômetros por uma boa estrada estávamos às margens do rio que dá nome ao hotel, nosso principal destino nesse segundo dia de expedição.

Primeira vista do hotel Ariau


Mas nem tudo foi flores, infelizmente encontramos o outrora glorioso Ariau Amazon Towers literalmente caindo aos pedaços. Realmente de lamentar... Mas como costumo dizer: vamos focar no lado bom das coisas, e bola pra cima pois o hotel fantasma era todo nosso!

Apesar de não podermos acessar as torres de onde poderíamos fazer boas fotos de bichos de copa, as passarelas suspensas, feitas de concreto, resistiam às intempéries amazônicas e nos garantiram acesso a aves incríveis que há muito tempo sonhava encontrar. O único cuidado era com o limo que poderia dar causa a uma queda fatal e com umas duas árvores que tombaram sobre a passarela, mas longe de nos obstaculizar.

Mas antes mesmo de desembarcarmos no Ariau, grandes emoções pontuaram nosso caminho. A começar ainda em terra firme, às margens do rio. Enquanto aguardávamos o barqueiro, o Luiz encontrou um raro visitante setentrional. Alegria! Um pequeno bando do estrela-do-norte se alimentava às margens do rio!

Está no Wikiaves: "Aparece como migrante esporádica na bacia amazônica em campos e áreas de campinarana, às margens de lagos e rios ou florestas secundárias altamente degradadas. Sua ocorrência na Amazônia Brasileira carece de estudos mais completos." A justificar a euforia contagiante do nosso guia.

No mesmo local outro lifer, um enorme bando de canário-do-amazonas. Mas as melhores fotos dessas duas espécies fizemos à tarde, em Iranduba, às margens do rio Solimões.


O Luiz já havia nos alertado para ficarmos atentos pois ao longo do rio Ariau poderíamos encontrar alguns gaviões muito legais, dois dos quais eram antigos sonhos. Então embarcamos e descemos o rio Ariau com olhos de águia!

O primeiro acipitrídeo que encontramos, ainda em terra firme, foi um jovem gavião-caramujeiro, pouco depois, já embarcados, o lindo gavião-belo (seria um pleonasmo?...):

Busarellus nigricollis


A breve viagem de barco prometia!

Após o belo, o maravilhoso gavião-do-igapó! Top lifer encontrado pelo olhar mateiro do nosso barqueiro, o Fábio.

Helicolestes hamatus


Só faltava um acipitrídeo, que com alguma sorte, costuma ser encontrado naquele trecho do rio. E graças dessa vez à aguçada visão do nosso guia encontramos bem longe e escondido na copa de uma grande árvore.

Depois de acionarmos um pouco o playback, um casal do também belíssimo gavião-azul apareceu em condições para um registro que, apesar da distância, não ficou dos piores.

Buteogallus schistaceus

Claro que encontramos outras espécies muito legais, com destaque para um dos bichos mais difíceis de ser encontrado de toda nossa viagem, o rapazinho-de-boné-vermelho. Satisfeitíssimos, desembarcamos no que já foi um dos hotéis mais espetaculares da Amazônia e sem demora partimos para as já mencionadas passarelas.


Será uma grande perda para nós, observadores e fotógrafos de aves, caso se percam aquelas passarelas. Vejam o que elas nos propiciaram(além de outros lifers que o registro não ficou bom, como a saíra-de-papo-preto e o pica-pau-anão-do-amazonas):

Attila bolivianus

Xiphorhynchus obsoletus

Trogon melanurus


Monasa nigrifrons

Anhima cornuta

Myiarchus tuberculifer

Bucco tamatia



Mas duas espécies se destacaram pois eram as que eu mais esperava encontrar no Ariau. E mais uma vez a sorte estava do nosso lado. A primeira a aparecer foi a excepcional cigana, uma ave pré-histórica!

Pequena parte do numeroso bando que estava em um lugar de grande beleza cênica

Há horas que a lente fixa nos limita, como no momento acima, em que com uma distância focal menor, poderia realizar um belo retrato. Mas, para compensar...

Opisthocomus hoazin

E para finalizar o Ariau com chave de ouro, a espécie que eu mais almejava, o maior arapaçu brasileiro, o extraordinário arapaçu-de-bico-comprido:

Nasica longirostris

Foi uma grande manhã, cuja última foto refletiu bem nossa sorte:




Brincadeiras a parte, torcemos para que algum empresário resolva reerguer o Ariau pois se hospedar lá deve ser uma experiência única, que deve valer cada centavo do investimento.


Nem tudo está perdido

Depois do nosso prato predileto, uma suculenta costela de tambaqui, e de um breve descanso, seguimos para o rio Solimões, onde talvez houvesse algum ninho ainda ativo de japu-pardo.

E mais uma vez a sorte estava com a gente, pois ao que tudo indicou, havia um último ninho ativo. E que ave magnífica é o japu-pardo! Apesar de sua vizinhança não compartilhar de minha opinião. Observamos duas espécies atacando este grande macho.

Psarocolius angustifrons

Além deste suiriri, um pinhé também o atacou


Como já mencionado, reencontramos o raro estrela-do-norte, assim como o canário-do-amazonas.

Sporophila bouvronides


Sicalis columbiana

Outro lifer legal por seu meu xarazinho, o joãozinho:

Furnarius minor
Ainda rolou o periquito-testinha, um dos mais belos do Brasil na minha opinião, porém de muito longe. se quiserem conhecê-lo melhor sugiro uma visita à sua página no Wikiaves, lá vocês encontrarão ótimas fotos dele, além de outras informações.

E despedindo dos benditos últimos raios de sol, num local onde sabidamente a imponente águia-pescadora costuma ficar, melhoramos, e muito, nosso registro do gavião-pedrês:

Buteo nitidus

Confesso que apesar do Buteo numa ótima situação, parti com uma pitada de frustração de não encontrar a águia.

Se eu soubesse o show que me aguardava...

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